Há 181 anos que o Farol da Berlenga ilumina o seu pequeno pedaço do Oceano Atlântico. Instalado numa torre com 29 metros de altura, o farol começou por funcionar a azeite com refletores parabólicos. Nessa altura, de três em três minutos, era emitida uma luz branca, com relâmpagos de 10 segundos. Mais tarde, a fonte luminosa passaria a consistir em vapores de petróleo e, já no século XX, numa lâmpada elétrica.

 

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Hélder Mendonça é, atualmente, o faroleiro de serviço. A ligação ao arquipélago surgiu muito cedo na sua vida, conta à FORUM: “O meu pai também era faroleiro e, pouco tempo depois de nascer, cheguei a morar aqui [na Berlenga Grande]”. Também o avô tinha uma ligação às Berlengas, ao ser mestre de uma embarcação que incluía a ilha na sua rota.

Enquanto faroleiro, todos os meses, Hélder Mendonça passa pelo menos uma semana na ilha. Uma experiência que, diz, é marcada “por um certo isolamento”, mas que lhe oferece também “a possibilidade de apreciar e aproveitar a natureza”. Durante este tempo, conta também com a companhia do cão Farol, que por aqui vive há cerca de 10 anos.

 

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Durante o dia de hoje, o faroleiro do Farol da Berlenga recebeu os cinquenta participantes da Semana Tanto Mar. O objetivo da visita passou por explicar como se processa o funcionamento do farol, oferecendo também um contexto histórico sobre a sua evolução.

Em Portugal, conta Hélder Mendonça, existem pouco mais de uma centena de faroleiros, distribuídos pelos cerca de 30 faróis nacionais. Mesmo que numa altura em que a navegação recorre a sistemas de posicionamento eletrónicos, Hélder Mendonça destaca a relevância dos faróis: “Quem navega, conhece a importância dos faróis – hoje, são o sinal físico que confirma a informação virtual”. “É por isso que, com ou sem faroleiros, quase todos estão em funcionamento pelo mundo”, reforça.

 

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Explorando a ilha

O quarto dia da Semana Tanto Mar foi todo passado na Berlenga Maior. Divididos em grupos, os estudantes puderam realizar várias atividades na ilha – para além da visita ao farol, foi ainda possível ter uma experiência de mergulho e conhecer alguma da biodiversidade do arquipélago.

O passeio pela ilha foi conduzido por dois técnicos do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF). De acordo com um dos guias de serviço, Eduardo Silva, a visita teve como objetivo explicar, no terreno, “o que é uma reserva natural e a razão pela qual existe”.

 

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Para tal, os estudantes ficaram a conhecer o trabalho realizado na monitorização e conservação das espécies da ilha. Para Eduardo Silva, esta experiência poderá também servir para descobrir uma vocação e, eventualmente, ”ajudar na hora de escolher um curso superior”.

No fundo do oceano

Um dos momentos mais aguardados da semana teve lugar hoje na costa da Berlenga Grande – a experiência de mergulho. Durante o briefing de preparação para a atividade, uma das instrutoras de mergulho explicou o papel dos três elementos fundamentais para o mergulho – garrafa de oxigénio, colete e regulador de pressão. De igual forma, explicou a importância de equalizar os três espaços aéreos que caracterizam um mergulho: os pulmões, os ouvidos e o espaço entre o rosto e a máscara.

 

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A instrutora realçou a importância que este momento pode ter. “Esta pode ser uma experiência que muda a vossa vida”, sublinhou, antes de revelar: “uma das participantes da Semana Tanto Mar, há cerca de 10 anos, é hoje instrutora de mergulho aqui”. 

A Semana Tanto Mar continua amanhã, com um dia dedicado à investigação científica. As atividades começam no centro de investigação CETEMARES.

 

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